De um lado, os fiéis que buscam na igreja um encontro com Deus. Do outro, a figura do pastor utilizada como mediador desse
encontro. A relação de confiança e respeito a quem dirige um culto evangélico muito tem a ver com a credibilidade transmitida por seu dirigente, com o dom dado a ele mesmo de ser instrumento da manifestação divina. As minúcias desses aspectos foram analisadas por James Washington, na dissertação de
mestrado em Sociologia da Universidade Federal de Alagoas.
Durante dois anos, James visitou dezenas de templos no intuito de estudar a vocação pastoral nas Assembleias de Deus em Alagoas. De acordo com o pesquisador, alguns critérios foram observados, como a lógica do recrutamento dos pastores, as influências culturais exercidas no comportamento deles e as relações hierárquicas dentro da igreja.
Para entender essa tríplice, James começou pesquisando sobre a tradição pentecostal, um movimento de renovação, um avivamento,
a manifestação dos dons do espírito. “Os ‘assembleianos’ acreditam que cada pessoa é capaz, aceitando a Cristo como seu salvador, de ter dons espirituais, mas as lideranças serão chamadas pelos dons que se manifestam com mais evidência, como por exemplo, o de cura, o de profecia, o de falar em línguas e se fazer entender, além do desejo por compor o ministério”, explicou.
Preparação
A ideia de que os pastores são escolhidos por sua intelectualidade é, de alguma forma, equivocada, com base no trabalho realizado por
James Washington. Ele constatou que a Assembleia de Deus é uma Igreja, que, a princípio, se revelou anti-intelectual, ou seja, o fundamental não era formar pastores sábios, e sim, pastores que conheçam e obedeçam a Bíblia, que sejam comprometidos com o regimento da Palavra de Deus.
Por outro lado, o que define a escolha dos líderes está relacionado diretamente com o trabalho exercido na Instituição. Depois da conversão individual, o primeiro passo é a candidatura para a carreira sacerdotal, onde os homens passarão a ser observados nas manifestações dos dons e na sua conduta como fiéis dentro e fora do templo. “Os candidatos são entrevistados sobre a vida pessoal, além das interlocuções com as suas famílias. O depoimento dos amigos, da esposa e dos filhos é fundamental para a escolha do futuro pastor, porque é preciso saber se ele segue os mesmos princípios na igreja e no convívio do lado de fora”, enfatizou James.
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