Uma representação incomum do nascimento de Jesus em um shopping center de Honduras está gerando debates e críticas. A opção deste ano é mesclar a cena tradicional de Jesus em meio a José, Maria e os animais, com imagens vívidas da violência de gangues, da polícia e a morte de Osama bin Laden e Muammar Kaddafi, entre outros eventos recentes.
Centenas de pessoas foram ao shopping para ver as pequenas figuras de plástico e de argila que adornam uma mini-cidade com cerca de 100 metros quadrados. O presépio foi elaborado e construído pelo arquiteto Fernando Martinez, ex-primeiro-ministro de Honduras.
Martinez, que também foi ministro das Relações Exteriores, lembra que construiu seu primeiro presépio ainda menino, junto com sua mãe, em 1950. Desde 1985 ele vem criando cenários em grande escala que mesclam imagens de temas atuais com o nascimento de Cristo em Belém.
A cena gigante no shopping Multiplaza, na capital Tegucigalpa, testemunha um mundo em crise, onde a violência se alastra em outros lugares. Debaixo de um aviso que dizia “Violência”, brinquedos reencenam a onda de criminalidade que varreu Honduras, país que tem as taxas de assassinato mais altas do mundo, segundo as Nações Unidas.
Durante a inauguração da obra, na semana passada, Martinez explicou: ”Eu sempre tento melhorar no design, usando princípios morais e cristãos para lembrar o nascimento de nosso senhor Jesus Cristo, o Príncipe da Paz.”
Mas entre o fluxo constante de clientes curiosos, alguns pais que levaram seus filhos ao shopping disseram estar surpresos com as figuras que retratam a brutalidade que assola o mundo.
Outros não gostaram de ver imagens reproduzindo o assassinato de Osama bin Laden por soldados dos EUA e a morte violenta de Kaddafi na Líbia. Para eles, a mensagem do Natal de paz e não de guerra. As reclamações são que esses elementos “prejudicam” a cena do presépio e podem assustar as crianças.
Um letreiro na minicidade dizia: “Limpe a polícia”, lembrando um escândalo que levou o presidente Porfirio Lobo a prometer que demitiria da força policial todos que estivessem “comprovadamente envolvidos com o crime organizado”.
Foi preciso a morte de dois estudantes pelas mãos da polícia dois meses atrás para uma investigação mais profunda revelar que delegacias de polícia inteiras estavam tomada por grupos criminosos envolvidos em sequestros, roubos de carros, tráfico de drogas e esquemas de venda de proteção.
No dia em que o presépio foi aberto ao público, mais de 30 policiais foram destacados para fazer a segurança, pois havia temor de alguma manifestação de religiosos contrários à representação.
Traduzido e adaptador por Brisbane Times
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