Apesar das escolas mistas terem sido criadas em 1989 na Irlanda do Norte as crianças protestantes ainda preferem frequentar escolas de suas comunidades e as famílias católicas optam pelo mesmo. A separação entre os cristãos daquele país já gerou muitas guerras e muitas mortes, talvez por isso a convivência ainda não foi estabelecida por completo.
Na escola primária católica da cidade de Derry “Star of the Sea”, voltada para meninas, há 286 crianças entre 8 e 9 anos, nenhuma delas é protestante, o que confirma essa tese de que a separação histórica ainda não acabou.
O primeiro-ministro, Peter Robinson, diz que é difícil construir um país tendo que educar as crianças separadamente. “Dadas nossas divisões históricas, penso que será difícil construir um país unido se continuarmos a educar nossas jovens crianças separadamente”, afirmou ele em abril de 2011.
O primeiro-ministro, Peter Robinson, diz que é difícil construir um país tendo que educar as crianças separadamente. “Dadas nossas divisões históricas, penso que será difícil construir um país unido se continuarmos a educar nossas jovens crianças separadamente”, afirmou ele em abril de 2011.
De acordo com estudos locais 94% das crianças protestantes ainda frequentam escolas de suas comunidades, contra 92% no caso dos jovens católicos. Para a diretora do “Star of the Sea”, Vonnie Hunter, o motivo desses números seria a tradição. “Os pais ainda dão preferência às escolas associadas a suas comunidades por tradição, mas também porque ainda existe na mentalidade norte-irlandesa a ideia de que sua religião traz os melhores valores para educar as crianças”, afirmou.
Todos os professores precisaram obter “certificado de educação religiosa” para poder lecionar nas escolas. “Uma prova de seriedade para muitos pais, uma vez que eles não conhecem as referências dos professores nas escolas mistas”, disse Hunter.
Mas apesar disso a diferença entre os alunos que estudam em escolas separatistas e os que estudam em colégios mistos podem ser percebidos na forma como esses alunos passam a enxergar a história e o futuro do país. “Certas coisas mudaram em como vejo as comunidades, aprendi muitas coisas desde que fiz verdadeiros amigos católicos”, diz Paul, um adolescente de 14 anos que estuda na “Royal Belfast Academic Institution”.
Um estudo realizado pela socióloga Bernadette Hayes mostra que 65%% dos protestantes que passaram por uma escola mista se dizem a favor de uma união com a Grã-Bretanha, contra 80% entre o resto da população protestante. Entre os católicos, 35% dos alunos ou ex-alunos de escolas mistas são a favor de uma República Unida da Irlanda, contra 51% no geral
Dilemas sobre escolas mistas
Mesmo depois de mais de 20 anos de implantação as escolas mistas são pouco frequentadas na Irlanda do Norte, mas alguns pais já possuem a consciência de que é importante educar seus filhos com crianças de outras comunidades. Quem pensa assim é William Fague, católico, pai de dois garotos de 6 e 12 anos. “Do ponto de vista simbólico, era um comprometimento forte para mim, pensar que meus filhos iam jogar bolinha de gude com crianças protestantes”, disse.
Mas ao contrário de William, outros pais são temerosos em relação ao ensino religioso que será oferecido aos seus filhos e como saída para essa situação o diretor da escola protestante “Belfast Model”, Johnny Gragam, sugere escolas neutras.
“Seriam necessárias escolas neutras do ponto de vista religioso, mas que lugar na Irlanda do Norte é neutro? Enquanto os próprios bairros não forem mistos, os pais não poderão ser forçados a mandar seus filhos para escolas mistas”.
Além de dividir a sociedade da Irlanda do Norte entre católicos e protestante também acontece uma segregação social. “De alguns anos para cá, estamos tendo um número crescente de crianças que precisam ser acompanhadas por assistentes sociais, ou de pais que se encontram em situações econômicas terríveis e têm dificuldades para cuidar de seus filhos”, conta Vonnie Hunter, diretora da escola “Star of the Sea”.
Com informações Le Monde
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