A porção evangélica do eleitorado tem sido disputada pelos candidatos na maioria das grandes cidades do Brasil. Esse “fenômeno” da mistura de religião com política é antigo, mas ficou evidenciado na última eleição para presidente, em 2010.
A história se repete durante o segundo turno na disputa pela prefeitura de Manaus, onde concorrem Artur Neto (PSDB) e Vanessa Grazziotin (PCdoB).
O principal motivo são os dados do IBGE, o qual mostra que os evangélicos são 35,56% da população de Manaus. A senadora Vanessa assinou uma carta apresentada aos evangélicos afirmando ser contra o aborto, além de garantir que não votará no Senado a favor do projeto de lei nº 122 (que criminaliza a homofobia no País) ou projetos que “violem a liberdade da família, da crença e da fé pessoal”.
No primeiro turno, se apresentou como a candidata da Assembleia de Deus, contando com um depoimento de Jonatas Câmara, líder da denominação, exibido durante o programa no horário eleitoral gratuito.
Ela também apostou em um “jingle gospel”, cuja letra dizia “Vanessa é instrumento de Deus para cuidar de Manaus. Vanessa é honesta e teme ao Senhor”. A candidata diz que tem planos para os religiosos no seu futuro governo.
Artur Neto, por sua vez, gravou para o seu programa eleitoral um “clipe gospel” chamado “45 é a senha da vitória”. A letra da música diz: “Artur é temente a Deus. E, com fé, sempre caminhou. Acreditando na força desse poder superior”.
Ao longo do segundo turno, o tucano tentou fortalecer sua imagem como um homem de princípios cristãos. Durante seu programa eleitoral na TV ele conta com depoimentos de apoio de vários líderes denominacionais, a maioria de origem pentecostal.
Entre suas propostas de governo está construir um Centro de Reabilitação Municipal, onde Artur afirma que pedirá ajuda para as igrejas católicas e evangélicas no tratamentos de usuários de drogas.
Embora o voto religioso seja tão disputado, nas eleições para vereador foram eleitos no mesmo número que nas eleições de 2008: cinco. Uma vez que o número de vagas aumentou de 38 para 41 vereadores em Manaus, a bancada evangélica proporcionalmente diminuirá na próxima legislatura.
Similarmente ao que acontece em outras cidades, a combinação entre púlpito e comício não atrai a simpatia de grande parte do eleitorado. A influência de pastores na campanha já gerou muitas críticas no primeiro turno.
Segundo o jornal A Crítica, quando questionados se concordam com o uso do nome de Deus na corrida à Prefeitura, 90% se disse ser contra citações bíblicas e a participação de igrejas evangélicas na propaganda dos candidatos. Postada no portal acritica.com, a enquete recebeu dezenas de comentários. Uma parte dos internautas acredita que essa prática é “desrespeitosa” e “vergonhosa”. Alguns foram mais longe, classificando-a como “blasfêmia”.
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