segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Pastores são cabos eleitorais na disputa pela prefeitura de Manaus


Pastores são cabos eleitorais na disputa pela prefeitura de ManausPastores são cabos eleitorais na disputa pela prefeitura de Manaus
A porção evangélica do eleitorado tem sido disputada pelos candidatos na maioria das grandes cidades do Brasil. Esse “fenômeno” da mistura de religião com política é antigo, mas ficou evidenciado na última eleição para presidente, em 2010.
A história se repete durante o segundo turno na disputa pela prefeitura de Manaus, onde concorrem Artur Neto (PSDB) e Vanessa Grazziotin (PCdoB).
O principal motivo são os dados do IBGE, o qual mostra que os evangélicos são 35,56% da população de Manaus. A senadora Vanessa assinou uma carta apresentada aos evangélicos afirmando ser contra o aborto, além de garantir que não votará no Senado a favor do projeto de lei nº 122 (que criminaliza a homofobia no País) ou projetos que “violem a liberdade da família, da crença e da fé pessoal”.
No primeiro turno, se apresentou como a candidata da Assembleia de Deus, contando com um depoimento de Jonatas Câmara, líder da denominação, exibido durante o programa no horário eleitoral gratuito.
Ela também apostou em um “jingle gospel”, cuja letra dizia “Vanessa é instrumento de Deus para cuidar de Manaus. Vanessa é honesta e teme ao Senhor”. A candidata diz que tem planos para os religiosos no seu futuro governo.
Artur Neto, por sua vez, gravou para o seu programa eleitoral um “clipe gospel” chamado “45 é a senha da vitória”. A letra da música diz: “Artur é temente a Deus. E, com fé, sempre caminhou. Acreditando na força desse poder superior”.
Ao longo do segundo turno, o tucano tentou fortalecer sua imagem como um homem de princípios cristãos. Durante seu programa eleitoral na TV ele conta com depoimentos de apoio de vários líderes denominacionais, a maioria de origem pentecostal.
Entre suas propostas de governo está construir um Centro de Reabilitação Municipal, onde Artur afirma que pedirá ajuda para as igrejas católicas e evangélicas no tratamentos de usuários de drogas.
Embora o voto religioso seja tão disputado, nas eleições para vereador foram eleitos no mesmo número que nas eleições de 2008: cinco. Uma vez que o número de vagas aumentou de 38 para 41 vereadores em Manaus, a bancada evangélica proporcionalmente diminuirá na próxima legislatura.
Similarmente ao que acontece em outras cidades, a combinação entre púlpito e comício não atrai a simpatia de grande parte do eleitorado. A influência de pastores na campanha já gerou muitas críticas no primeiro turno.
Segundo o jornal A Crítica, quando questionados se concordam com o uso do nome de Deus na corrida à Prefeitura, 90% se disse ser contra citações bíblicas e a participação de igrejas evangélicas na propaganda dos candidatos. Postada no portal acritica.com, a enquete recebeu dezenas de comentários. Uma parte dos internautas acredita que essa prática é “desrespeitosa” e “vergonhosa”. Alguns foram mais longe, classificando-a como “blasfêmia”.

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