O pastor Youssef Nadarkhani foi libertado nesta segunda-feira (7) depois de passar cerca de duas semanas na prisão de Lakan, em Rasht, onde foi novamente encaminhado por ordens de autoridades prisionais iranianas.
Depois de absolvido das acusações de apostasia, Nadarkhani foi preso de novo de forma totalmente irregular, informou a Christian Solidarity Worldwide (CSW), que comunicou sobre a libertação do líder religioso no Brasil por meio de e-mail enviado à Associação Nacional dos Juristas Evangélicos (ANAJURE).
Para o dr. Uziel Santana, presidente da ANAJURE, a libertação do líder religioso iraniano foi o resultado da firme atuação de entidades de juristas cristãos de todo o mundo e chama a atenção para fatos semelhantes que ainda ocorrem em todo o mundo.
“Nossa parceira, a CSW, tem lutado com intrepidez pela defesa das liberdades civis fundamentais dos cristãos. Aqui no Brasil a Anajure tem atuado na mesma direção, com a graça de Deus. Devemos orar e trabalhar em outras situações, pois como o caso do pastor Youssef, existem outras centenas em todo o mundo”, comentou Santana.
Na carta, o Dr. Mervyn Thomas, presidente da CSW, comemora a libertação, mas lembra que seu advogado, dr. Mohammed Ali Dadkhah, se encontra ainda preso e passando por grave violação em seus direitos civis.
“Estamos satisfeitos em saber da liberação do Pastor Nadarkhani. (…) Nós também nos preocupamos ao saber da condição do Dr. Dadkhah, da deterioração da sua saúde. Além disso, as tentativas oficiais para justificar a sua prisão agora tentando coagi-lo a fazer uma declaração de culpa ‘ao vivo’ não só é condenável, mas também são indicações claras de que as acusações contra ele eram falsas”.
No comunicado, a CSW voltou a pedir a libertação imediata do dr. Dadkhahe que “se ponha um fim à campanha de perseguição da sociedade civil”.
“Continuamos a apelar ao governo iraniano para defender o Estado de direito e permitir às minorias religiosas do país que desfrutem da liberdade religiosa”, declara. Thomas ainda lembra que o Irã é signatário do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos, adotado pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 1966 e que tem amplitude mundial.
Relembre o caso
Após mais de três anos detido em Rasht, o Pastor Nadarkhani foi absolvido da acusação de apostasia, mas recebeu uma sentença de três anos por evangelizar muçulmanos.
Como já havia cumprido cerca de três anos na prisão, o líder religioso foi liberado com o pagamento de fiança. Porém em pouco tempo foi levado, justamente no dia de Natal, sob o comando de autoridades do sistema prisional iraniano. Tais autoridades alegaram que ele havia sido liberado cedo demais devido à insistência de seu advogado, o Dr. Mohammed Ali Dadkhah.
Youssef Nadarkhani nasceu muçulmano e converteu-se ao cristianismo aos 19 anos. Três anos depois passou a praticar evangelismo na cidade de Rasht, noroeste de Teerã e chegou a liderar um grupo de cerca de 400 cristãos no Irã.
Em 2009 chegou a protestar quanto ao que chamou de doutrinação islâmica nas escolas onde seus filhos estudavam. Ele se posicionou contra o costume de ensino compulsório às crianças das doutrinas islâmicas.
Inicialmente sentenciado à execução por enforcamento, o veredicto foi adiado após pressão internacional sobre o sistema judicial iraniano. O caso então passou para o aiatolá Ali Khamenei, autoridade suprema da nação, para revisão.
Outros casos
O caso do pastor Youssef Nadarkhani não é o único a respeito de graves violações às liberdades civis fundamentais no Irã. Recentemente o Centro Americano de Direito e Justiça (ACLJ) iniciou uma campanha pela libertação de outro líder religioso cristão, pastor Saeed Abedini, 32, que está preso no Irã.
Ele foi chamado a interrogatório por diversas vezes por autoridades iranianas, sob a acusação de ter abandonado o islamismo e se tornado um cristão.
Como Abedini possui também cidadania americana, inicialmente não chegou a ficar preso. Mas em julho, Saeed, a esposa e os filhos retornaram ao Irã para trabalhar na construção de um orfanato cristão e então ele foi preso, enquanto que sua família foi deportada para os EUA.
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