A meia dúzia de assassinatos diários faz de Ciudad Juarez uma das cidades mais violentas do mundo. O tráfico de drogas está por trás da violência extrema desta cidade do México, que faz fronteira com El Paso, Texas.
No passado, os moradores de Juarez já organizaram marchas e protestos para pedir paz, mas tiveram pouco sucesso. Recentemente, “anjos” foram aparecendo para trazer a paz a estas ruas perigosas.
Na verdade são alguns jovens mexicanos que pacientemente pintam parte do corpo com tinta prateada e usam vestes brancas. Chamando a si mesmo de “anjos mensageiros”, essa é a missão levada adiante pelos membros de uma pequena igreja evangélica em um dos bairros mais pobres de Ciudad Juarez.
Sua presença tem atraído a atenção da mídia internacional, como o renomado jornal The New York Times. Seu trabalho parece simples, basta andar nas ruas perigosas de Juarez carregando cartazes que pedem por arrependimento e paz.
“[É] uma coisa muito agradável e também arriscada, mas a Palavra de Deus diz que precisamos ser fortes e corajosos. Eu acredito que precisamos ser corajosos para salvar Ciudad Juarez”, explica um “anjo” chamado Cuevas.
Carlos Mayorga, 33, líder do grupo, disse que tiveram essa ideia no ano passado, quando os jovens da igreja mostraram-se frustrados em viver no meio de tanta violência implacável e queriam fazer algo para mudar isso. Foi então que começaram a pedir doações e a partir de cortinas velhas fizeram suas vestes angelicais. Eles levantaram entre si o dinheiro para maquiagem e as penas que enfeitam suas asas.
Saindo da igreja, dirigem-se para os cruzamentos movimentados da cidade e ficam em pé sobre cadeiras de praia, para parecerem mais altos. Eles ajeitam suas asas e levantam os sinais esperando que os motoristas prestem atenção em sua mensagem.
A estratégia dos anjos é ficarem parados como estátuas, sentinelas em silêncio, com a esperança de serem notados em meio ao caos urbano. O “anjo” Israel Santillan, 15, lembra que há sempre um monte de gente buzinando para demonstrar apoio e outros que perguntam se eles estavam sendo pagos para fazer isso.
“Este trabalho é bom, mas também um pouco cansativo”, disse Daniel Rubalcaba, outro jovem “anjo”. ”Estou feliz porque Deus, que está nos céus, está vendo o trabalho que estamos fazendo. Foi isso que ele nos mandou fazer: levar o evangelho a todas as nações”.
O grupo também se reúne em locais onde ocorrem crimes, assim que sabem onde alguém foi baleado ou morto. Em uma vigília silenciosa, os anjos se oferecem para orar com os vizinhos, pedindo a Deus um fim à matança e a salvação dos seus pecados.
Nesses momentos eles também pregam e veem surgir convertidos como Daniel Diaz, que costumava fazer parte do problema da cidade. “Eu estava no mundo, era um delinquente”, diz o agora cristão Diaz. ”Agora, eu quero te dizer que nessa vida de crime você não vai encontrar nada de bom. Você só vai afundar mais e mais”.
Traduzido e adaptado de CBN e New York Times
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