A matéria de capa da edição de 7 de outubro revista da Newsweek, uma das principais revistas norte-americanas, ganhou ampla repercussão nos últimos dias. Trata-se do relato da experiência do neurocirurgião e professor de Harvard Eben Alexander, que afirma ter visitado o Céu e voltado para contar.
Trata-se de um fato vivido pelo cientista em uma manhã de 2008 em que acordou com muita dor de cabeça. Levado ao hospital, foi diagnosticado com meningite bacteriana. Como a bactéria estava instalada no cérebro, sua chance de sobreviver era quase zero. Após ficar em coma e ser desenganado pelos médicos, Eben acordou uma semana depois. Além de estar, totalmente consciente, ele contou que esteve no Céu.
O neurocirurgião relata que esteve em cima de nuvens rosadas, que se distinguiam do céu azul escuro por onde cruzavam seres transparentes. Ele afirma que não eram nem anjos, nem pássaros, mas sim uma “forma espiritual superiora”.
Afirma ainda que sentia como se estivesse ali por muito tempo e não tinha memória de sua vida terrena. Ele descreve que seus sentidos estavam confusos, “como uma chuva que você sente, mas não te molha. Ao seu lado, uma mulher o seguia em cima de uma asa de borboleta, enquanto incontáveis outras borboletas voavam em volta deles”.
Segundo o relato, ela nem precisava falar: “Se ela te olhasse daquele jeito por cinco segundos, sua vida inteira até aquele momento já teria valido a pena”.
Essa figura de mulher disse a ele frases como “Você é amado e querido para sempre”, ““Você não tem nada para temer”, “Não tem nada que você pode fazer de errado” e “Iremos mostrar muita coisa pra você aqui. Mas, eventualmente você vai voltar”.
No final da história, o médico deixa claro que sua estada no paraíso lhe pareceu mais real do que qualquer outra coisa que tenha acontecido durante sua vida – casamento e nascimento dos filhos, inclusive.
Alexander conta tudo o que viveu no livro Proof of Heaven [Prova que o Céu é Real] que chega às livrarias norte-americanas amanhã (23).
“Como um neurocirurgião, eu não acreditava no fenômeno das experiências de quase morte”, escreve o médico, explicando como ele possuía “boas explicações científicas para as viagens fora do corpo descritas por pessoas que escaparam da morte por pouco”.
Embora se considerasse um cristão nominal, ele afirma que não cria na vida eterna. Mas o impacto de sua experiência em 2008, modificou tanto sua vida profissional quanto espiritual.
Hoje, o cientista dedica toda sua energia para “investigar a verdadeira natureza da consciência e provar que somos muito mais do que os nossos cérebros físicos conseguem perceber”.
Hoje, o cientista dedica toda sua energia para “investigar a verdadeira natureza da consciência e provar que somos muito mais do que os nossos cérebros físicos conseguem perceber”.
Afirma ainda que sua experiência no Céu aprofundou sua compreensão de Deus e fortaleceu sua fé. “No centro de minha viagem ficou claro que somos amados e aceitos incondicionalmente por um Deus ainda mais grandioso e insondavelmente glorioso que aquele de quem eu ouvia falar”, conclui.
O assunto rendeu muita especulação na Internet, com pessoas criticando a ausência de Jesus ou de um julgamento antes dele entrar no Céu, enquanto outras se mostravam curiosas para saber como seria o “céu” que ele viu.
O assunto rendeu muita especulação na Internet, com pessoas criticando a ausência de Jesus ou de um julgamento antes dele entrar no Céu, enquanto outras se mostravam curiosas para saber como seria o “céu” que ele viu.
Entrevistado pelo jornal Zero Hora, o neurologista Roberto Rossatto, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, afirma que esse tipo de relato é raro, pois os pacientes que voltam do coma em geral descrevem uma sensação de vazio e ausência de memória de atividades anteriores.
Para o doutor Rossatto, a meningite bacteriana, que causou o coma de Alexander, afeta o córtex, parte do cérebro responsável por funções como pensamento, visão e movimento.
“Uma disfunção ocasionada pela doença pode fazer com que o cérebro produza alucinações após o tratamento”, esclarece.
“Uma disfunção ocasionada pela doença pode fazer com que o cérebro produza alucinações após o tratamento”, esclarece.
José Roque Junges, teólogo e professor de Bioética da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, no Rio Grande do Sul, explica que, do ponto de vista teológico, o Céu é uma dimensão supratemporal e supraespacial, onde tempo e espaço não existem mais. Como não há memória da vida na terra, seria impossível alguém ir e voltar.
“Há relatos anteriores de que a pessoa vê uma luz, mas volta. No entanto, ver de longe é totalmente diferente de experimentar. Não há como ter uma experiência empírica do Céu, por isso sua existência não pode ser comprovada por meio da ciência”, acredita Jungues.
Para o teólogo, esse tipo de relato mostra apenas uma visão positiva da morte, mas há um mistério mesmo para os que creem no Céu.
Para o teólogo, esse tipo de relato mostra apenas uma visão positiva da morte, mas há um mistério mesmo para os que creem no Céu.
“Não sabemos exatamente como é a vida além da morte”, admite, afirmando que não há como categorizar a experiência de Eben Alexander.
A descrição do neurocirurgião é tão rica, tão cheia de detalhes que realmente leva a crer que ele não está inventando nada disso. Tanto que ele foi capa da revista americana Newsweek e está lançando um livro, que chega às lojas americanas dia 23 de outubro.
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