Com a experiência que acumulou ao longo de décadas divulgando o trabalho missionário transcultural no Brasil e no mundo, o missiólogo e estudioso de missões, David Botelho faz um novo apelo à igreja brasileira.
“Em 20 anos a igreja quase quadruplicou em tamanho, prosperou em finanças, junto com o Brasil que se tornou a sexta economia mundial, será a quinta até o final do ano que vem e a quarta em 2020”, lembra ele em uma carta aberta divulgada pela missão Horizontes América Latina, a qual ele lidera.
Porém, o crescimento da igreja no país não o anima. Afinal, o Brasil era apontado como um dos “celeiros missionários” da igreja mundial. Pelo contrário, na avaliação de David e da Missão Horizonte, as missões parecem estar regredindo no país.
Ele aponta um estudo feito com o foco na realidade da igreja no Brasil nos próximos anos e revela: “Em 2005 fizemos um planejamento estratégico de 10 anos para avaliar a igreja brasileira em 2015… Para isto usamos os fatos listados que afetaria na conclusão”.
Os fatores apontados por ele são:
• Vida Espiritual
• Discipulado
• Denominacionalismo
• Visão Missionária
• Economia Brasileira
• Renda per Capita e Distribuição de Renda
• Indústria
• Relações Internacionais do Brasil
• Inclusão Digital
• Discipulado
• Denominacionalismo
• Visão Missionária
• Economia Brasileira
• Renda per Capita e Distribuição de Renda
• Indústria
• Relações Internacionais do Brasil
• Inclusão Digital
O resultado foi uma situação bem familiar para quem conhece o livro de Apocalipse. Para o líder missionário, a situação do Brasil hoje poderia ser comparada à Igreja de Laodiceia.
“Estima-se que 1/4 da população brasileira é evangélica e é superficial na vida cristã, a igreja se tornou rica e abastada, mas sem visão. A mídia evangélica tem influenciado com a teologia da prosperidade, formando uma mentalidade materialista e mundanista, aumentando a estrutura de poder das denominações. O discipulado é fraco e não atende a todas as necessidades da igreja, que tornou-se intelectualizada voltada para os seus próprios interesses. A falta de espiritualidade resultou no desinteresse e falta compromisso com missões. Os missionários têm sido negligenciados em todas as áreas de apoio”, enfatiza o relatório da missão.
As críticas de Botelho são conhecidas. Diversas vezes ele já falou sobre isso em congressos e encontros que debateram missões. Ele ressalta que, em 2012, a igreja ainda ignora a sua responsabilidade de envio, sustento e cuidado missionário.
“Há uma diminuição considerável pela procura de treinamento missionário por duas razões: a zona de conforto e a falta de sustento. O treinamento tornou-se a curto prazo e com procura por cursos a distância. Esta situação tem limitado o número de candidatos e obreiros de base nas agências missionárias causando um aumento no custo de formação. Há menor busca por especialização, literaturas bíblicas e cursos de missões, afetando o ministério de mobilização e investimento missionário”.
Isso tudo colabora para que o país envie proporcionalmente menos missionários do que 20 anos atrás. Uma situação que inspira uma mudança drástica.
Por fim, a carta enviada pelo líder de missões traz uma reflexão em forma de ilustração:
“Imagine se contratássemos um auditor de planejamento para analisar e dar seu parecer sobre a igreja para onde ela deveria ir, a fim de cumprir o seu propósito máximo. Ele faria algumas perguntas com o objetivo de chegar a uma conclusão. Sua primeira pergunta talvez fosse: Qual é a tarefa principal da igreja?
Responderíamos que é tornar Cristo conhecido por toda criatura, em todo o mundo.
Em seguida perguntaria com quem a igreja conta atualmente?
Em seguida perguntaria com quem a igreja conta atualmente?
Responderíamos que a igreja possui mais de 800 milhões de cristãos verdadeiros. Ele ficaria surpreso!
A terceira pergunta seria: Quais são os recursos com os quais contamos hoje?
Responderíamos que mais de 50% dos cristãos no mundo são classificados como ricos e que somente 13% são verdadeiramente pobres. Temos todas as estratégias e os melhores treinamentos para evangelizar todos os povos, tribos, e nações. Temos métodos de tradução da bíblia para as línguas que nada têm do livro sagrado e condições de terminar a tarefa em nossa geração. Sua admiração seria ainda maior.
Uma última pergunta: Vocês sabem onde se encontram as pessoas não seguidoras de Cristo, alvos da pregação?
Orgulhosos, responderíamos com riquezas de detalhes que a maioria delas, ou 95% dos menos alcançados da terra, está concentrada numa região do mundo que denominamos Janela 10-40. Lá estão aproximadamente 2.3 bilhões de pessoas que chamamos de os menos alcançados, pelo evangelho, da terra.
Nosso interlocutor a essa altura estaria em êxtase com grande admiração pelo conhecimento demonstrado, recursos financeiro e pessoal que possuímos. E sua conclusão seria: Vocês não são sérios naquilo que creem e fazem”.
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